segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 VESTIDA DE DOMINGO

A oração hoje foi mais longa e a terminei enquanto abria parte das janelas. Hoje não abri todas nem liguei a música: dia de recolhimento e silêncio.  O universo conspira: o mundo se cala, não porque está chovendo, ao contrário, o dia é de muita luz. Por que é domingo? Pode ser.

Separo o que vestir. Vestido leve, clarinho, com flores e renda. Perfume. E chinelos que não haverá visitas. Desço as escadas tentando não fazer barulho, clep, clep, em vão, e corro abrir a porta pro cachorro sair; da minha caçula que pediu ontem pra cuidar, custa nada.

Passo os olhos pelas plantas: vou trocar o vaso daquele antúrio que já passou de hora. Cuido do cachorro, das plantas, tomo café e remédios. O vento está muito forte, silva pelas frestas, balança as pedrinhas do jardim de inverno. Estranho! Vai levar a chuva embora... ou trazer?

Checo a comida do dia, ainda há frutas, boto água no filtro de barro. Então, aboletada na cadeirona do canto predileto da casa, me ponho a cismar: tem um passarinho cantando longe, mas fora esse, e o barulho do vento, escuto mais nada. Nem a música liguei. Tao bom o silêncio!

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