TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL
A terça-feira de Carnaval amanheceu silenciosa: parece todos
os gritos, passos de dança, risos, encontros e desencontros aconteceram até a
véspera. O mundo, aqui pertinho, e além, parece envolto em neblina e quietude. Portas
e janelas ainda cerradas, as ruas vazias, os pássaros e cães quietos como se
esperando o rufar de um tambor para os despertar de sonho. Sonho ou pesadelo?
Reflito, também quieta, e o coração aos saltos, que o sol ainda vai espantar
tantas sombras.
À mesa do café, aos cochichos, Déda pergunta: “alguém já se
levantou?” Ela tinha chegado há pouco do mercado com sacola de frutas e um saco
de pão fresco, o melhor da cidade. Respondo: “ainda não, ninguém além de mim”.
Ela: “gracinha, ainda estão dormindo”. Repito o “sim, gracinha, todas ainda
dormindo”.
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