SILÊNCIO
Ha uns dias, não sei quantos, não os contei, que estou muda.
Fora uma palavra ou outra para dois ou três endereços do WhatsApp, e parei. Dia
desses, me peguei rindo quando falei meu nome, gostei, falei de novo, mais
alto, mais alto, e cai na risada. Parei de rir porque fiquei com medo de alguém
ouvir. Ah, como poderia?
Os quartos brancos, os corredores infinitos, vago por eles descalça.
Sempre pela manhã abro janelas e portas, por minutos, e as fecho de novo; o ar
fresco entra, o sol, quando há, ilumina frestas no piso ate que a penumbra
invade de novo; e eu, corajosa por um instante, avanço rumo ao pátio. Finjo que
ali tem algo pra cuidar, mas, assim que escancaro a porta, ah, não carece ser
hoje...
Da cozinha, lavo e guardo uma
xícara, um prato, um garfo, um copo. O que vou comer hoje? O que tiver mais a mão,
mais fácil.
De música, me esqueci, quase, vai que me lembram coisas. De sons, tão longe, indistintos; de perto, dois cachorros de vizinhos: um nos fundos outro na frente, tão alto latem a qualquer hora do dia ou da noite rasgando a quietude do meu coração.
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