COME
CLOSER TO ME/SE ACERCA DE MIM
Enquanto a panela de
pressão chiava a todo vapor, eu fazia de conta que dançava pelo chão branco da
copa/cozinha ouvindo Ben E. King. Vez ou outra bebericava numa taça de Martini
dry. “Indo”, foi a última mensagem... eu
encarava, a cada rodopio, os vidros da parede dos fundos estralando de luz da
tarde de inverno. Chegou... não...chegou? Não.
Chegou.
Como sempre, fazendo bagunça, buzinando, brincando. “Cheirosa”, eu disse ao
abraçá-la enquanto descobria que tinha derramado feijão no vestido azul. “Nem
estou com muita forme, comi uma tapioca pelo meio-dia...” ”Não comeu cedo, né?”
“Feijão
e arroz nas panelas no fogão, o cozido vou botar na mesa, gosta de costela de
boi?” “Não muito...” Experimentou, encheu o prato. “Coma à vontade. Se preciso,
faço de novo pra sua irmã... já mandou duas mensagens pedindo pra guardar pra
ela“.
Comeu,
comeu, apelou: empurrou o próprio prato, puxou a tigela pro meio do peito,
empunhou a colher de arroz e mergulhou no caldo com legumes...” Isso tá muito
bom!!!”, repetia, de boca cheia. Se eu estava rindo é piada...
Resultado:
a panela de pressão voltou ao trabalho... e eu, vigiando pacientemente, fazer o
quê, botei de novo o Ben E King pra cantar... O sol da tarde de inverno já se
arrastava baixinho, mesmo assim, ainda inundava de luz tudo ao redor. Menina
malcriada, sempre foi assim, meu coração feliz repetia.
Brasília,
DF, 30 de junho de 2018.
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