AO ROMPER DA MANHÃ
Percebi o silêncio quando o tic tac do relógio de parede ficou alto demais. Eu já tinha aberto janelas e prescrutado o céu tão azul inteiro de luz do sol. Caprichei na xicrona de café: o dia 'tava lindo sem conta.
Os sons da rua estavam ainda sonolentos quando ouvi a geladeira ronronar... Ah, as pedrinhas do jardim de inverno anunciavam, o quê? chuvas mais tarde, boas novas chegando? Ah, canto de passarinhos, trinados vindos lá de fora.
Vi que que mesmo que houvesse barulhos aqui e ali, tudo estava espetacularmente em silêncio. Me aquietei, fechei suavemente os olhos. Por quê? Foi ai que senti as batidas do meu coração, tão fortes que podiam doer? O que está acontecendo? Respirei devagar seguindo as batidas. Por quê?
Fiquei por alguns momentos segurando a xícara e apenas sentindo. Foi ai que descobri que havia chegado onde quis por muito tempo: o lugar em que posso ouvir silêncios é meu coração.
Por Magda Castro
Brasília, DF, 22 de outubro de 2024.