MEU ULTIMO AMOR ETERNO
Nem era porque eu acreditei; nem era porque estava esperando.
Nem era porque tudo convergia, as estrelas, a lua, o inverno, a primavera, nem
era isso. Acho que porque foi, talvez, mais, o vento. Aquele que sussurrou
antes que eu pudesse ouvir. Aquele sussurro que já habitava as colinas despidas,
eternas, aquele vento que ora balançava, ora açoitava as macaúbas solitárias ou
espalhava, suavemente, as sedas das paineiras gigantescas. O vento, sim, mas
pode ser também a areia fina, imaculada de caminhos sem passos, apenas traços
de passado lacrado em veios de pedra, caminho incerto, pedras imóveis se
gastando apenas com gotas e chuvas, não mais tempestades, agora, mais,
silêncios.
Ou, talvez, o capim rasteiro se segurando a raízes mortas
morro acima nos trilhos de ribanceiras; agarrado a barrancos, o capim teimoso,
tanto, esse, de sussurros, ou uivos, do por do sol de todas as tardes se
desfalecendo, de todas as manhas tímidas, frias, mudas. Acho que o capim, não? Então,
talvez o negrume da grota funda, inexpugnável de onde sempre ouvi aquele rouco
chamado.
De algum lugar, ou por causa de alguém, ou alguma coisa,
aquela ternura irrompeu, não como a cachoeira, mas trazida, levemente, pelo
vento da colina mais singela. Nem me assustei, não reconheci, não sabia, nem
acreditava, muito menos esperava. Assim, só por isso, misturado às pedras, aos
sussurros da brisa mais suave, ao esvoaçar de raízes e sementes, talvez por
isso, foi tanto. Grande demais; para saber, tive que pegar carona nos pássaros
habitantes das copas milenares e olhar de longe. E só, no alto, distante,
entendi seus contornos, sua forma e seu jeito de ser. E era. Só que voei alto e
longe demais, e não consegui mais voltar.
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