sábado, 20 de fevereiro de 2010

O MÁGICO MOVIMENTO DO MUNDO

Nada mais simples que o movimento do mundo, acho que deve ser, não ando reparando nele com muito cuidado. Acho que é porque não há nada que se possa fazer para parar com isso e acabo girando junto, ou ele gira e me leva, ou sou eu quem gira e ele, o mundo, fica quietinho no mesmo lugar; dúvidas iguais a tantas outras que levo coladas em mim e que vão aonde vou.
E é falando em ir aonde vou que pego o gancho para começar essa reflexão tão cheia de “m”s. Paciência, indo, ou vindo, entrando ou saindo, são gerúndios, movimentos. O mágico fica por conta de que a gente nem sempre entende o que se passa ou não busca entender os detalhes do que acontece ao redor: é que não dá tempo! Ocorre que se prestarmos pouca atenção, um pouco apenas, vamos descobrir coisas (inhas) interessantes que só.
Por exemplo, ando reparando em como distribuo as mensagens pelos muitos marcadores de minha caixa de correio eletrônico. Bem, mas antes quero contar o que aconteceu hoje de manhã na fila do caixa do mercado onde fui comprar a comida do final de semana. Isso conto porque quando falei em correio eletrônico me lembrei do “e” que precede tudo que é eletrônico hoje em dia. Então, estava eu prestes a passar as compras – esperando minha vez com muita paciência porque o rapaz que registrava aqueles tantos números estava em treinamento – quando vi, numa daquelas impressionantes prateleiras cheias de supérfluos que ficam bem no nosso nariz para que não consigamos resistir à tentação, um tablete de chicletes exibindo a seguinte palavra em verde gritante: “e-morango”. Fiquei intrigada, será que isso significa que o morango, também, é virtual, como a caixa de correio virtual? Ainda comentei com o carinha espremido entre mim e a esposa linda jovem de roupa esportiva e tênis com meia, mas eles tinham tido uma pequena constrangedora rixa minutos antes, então, o moço bonito jovem e pagante da conta de quase mil reais não achou graça nenhuma na minha piada – sem graça, pelo visto. A piada ou a conta dele? fico matutando...
Mas continuei a matutar sobre aquele “e-morango” até ir embora; depois me distrai com um monte de coisas que fiz em seguida: até financiar um carro para mim financiei, claro, me roendo, porque estou lutando para aprender a viver com menos consumo mas o carro, para mim, que comprei o mais pé duro barato econômico e discreto, significa mobilidade, aquilo que meu irmão me disse que eu precisava lá no interior imaginem aqui na cidade grande e ainda mais em Brasília onde as léguas são compriiidas!! Esse é meu consolo, mas minha alma de natureza verde exuberante sem lixo pelo Planeta sem extração excessiva dos recursos naturais não me deixa sossegada. Espero que as voltas que o mundo dá me aliviem um pouco dessa preocupação, mas que me segurei tudo que pude antes de fazer essa besteira, ah, lá isso me segurei.
Então, fiz coisas demais nesse sábado de final de estação verão que continua quente além da medida; depois vim para o computador ver as mensagens do ê-mail... i-mail?? Não tendo tantas, me deparei com a questão de para onde enviar cada uma nas diferentes pastas de arquivo: razão de ter pensado nessas coisas que estou escrevendo aqui. Na verdade, não pensei nisso tudo de uma vez e ao mesmo tempo, mas é que quando começo a escrever tem letra que toma tento próprio e vai se insinuando no texto até sair coisa que nem pensei escrever.
Então, o que quero mesmo falar é das voltas mágicas do mundo – e isso sendo a metáfora das voltas mágicas dos nomes das pessoas que me mandam mensagens. Tenho muitas pastas ou marcadores como é mais chique falar hoje em dia com tantos “e” redondinhos por aí. Assim, quando termino de ler uma mensagem cuido para arquivá-la numa pasta adequada para que eu consiga achá-la imediatamente quando quiser. Não que eu ande vasculhando essas pastas à cata de arquivos esquecidos, mas porque é interessante ver a ciranda de alguns nomes. A pasta, desculpe, o marcador mais recheado é o “Pessoal”; o segundo é o “Diversos”. Depois vem o dos “Amigos”, depois o “Networking”, “Meio ambiente”, “Trabalho”, “Vídeos interessantes”, “Saúde”, “Política”, e por aí vai.
Com essa distribuição, observo que tem mensagem que vai direto para o “Diversos”; e eu com a firme convicção de dar uma geral nessa caixa e jogar o que for inútil fora num dia qualquer no futuro. O fato é que quem vai para o “Diversos” está a um passo da eternidade... sem plágio, por favor.
O marcador “Pessoal” é intocável e tudo que estiver lá tem um valor incalculável e até posso mostrar para alguém um dia, se houver interessados – penso que isso pode acontecer quando eu morrer e meus relativos precisarem de alguma informação sobre mim ou que queiram descobrir meus mais íntimos segredos para escrever livro de estrondoso sucesso.
A caixa de “Amigos” recebe aquilo que antes ia para o “Diversos” mas acabou ficando interessante e passou a valer a pena guardar; pelas mesmas razões do “Pessoal” e isso, sempre, me perguntando qual é a diferença que pode ter o marcador “Pessoal” do de “Amigos”; vá lá entender essas e-diferenças.
O “Networking”, em geral, acomoda todos aqueles que descobri o e-mail por meio de cartões de visitas. Mesmo considerando o quanto é difícil copiar o tal endereço dali porque são tão pequenas aquelas letras!!! Também tem gente que vai prá lá depois que me manda mensagens falando de trabalho e que ainda não convivo o bastante para ir para o “Pessoal” ou para o “Amigos”. Aliás, passei um tempo na minha vida tão descrente da amizade que tudo que podia fazer em relação a ela era calar a minha boca; mas isso foi depois que deixei de ser gerente de banco e aí alguns freqüentadores assíduos da minha vida saíram do “Pessoal”, do “Amigos” e devem estar hoje lá pelo “Diversos”...
Tantas voltas, né não? Sim, porque hoje tem amigos maravilhosos entrando e saindo, melhor, sempre entrando nesse marcador, mensagens que não quero que se percam de jeito nenhum – preciso até dar uma arrumada nele. O fato é que hoje, vida completamente diferente, indo e vindo, cheguei, aliás, há pouco com a intenção de ficar... pelo menos enquanto não tiver que partir de novo. Aliás, bom isso de poder partir... tão bom.... que dá até gosto ficar por aqui.

Por Magda R M de Castro
Brasília, DF, 20 de fevereiro de 2010.