PRIMEIRO DIA DE OUTONO
O dia, menor, friorento, me faz lembrar blusas
quentinhas guardadas em enxaguantes cheirosos contra mofo. Acabou o Verão.
Huumm, bom demais, mais uma estação se vai. Virá outra(o), rememoro um complexo
de Poliana. Tá tudo tão bem, penso enquanto subo e desço a calçada perto da
Faculdade. Tá tudo bem... mesmo? Ah, claro tudo pode ficar bem, por que não?
Ah, credo, mas tudo pode dar tão errado também; ah, pode sim. Poder, pode, mas
tenho essa mania de me esconder a portas fechadas esperando o coração se
acalmar depois de paulada. Fico quietinha, você pode saber disso, não me
importo, sou assim, não consigo matar moscas... nem elefantes. Fico quietinha
quando qualquer ato adiante, ou palavra errante, pode piorar o que já está
ruim. Tem hora que dá vontade de fugir. Para onde? Essa é a questão: meu
coração despedaçado vai, junto, pra qualquer lugar que eu vá. Daí o quarto
escuro ajuda a evitar que atitudes infantis coloquem fogo na lenha.
Nada que um almoço, primeiro depois de abismo, não
alimente forças sobrenaturais: amizade, carinho, belezas; comida, pavê de
abacaxi. Então, tá tudo bem, digo prum coração verdadeiro que qualquer
tempestade, ou má intenção, não vá quebrar, mas que, fortalecido pelos dias de
bonança vai seguir o riso que nasce entre aconchego de cobertores, ou de
abraços.
Tá tudo bem, repito pra me convencer, e ergo o rosto
para o tímido sol da primeira manhã de Outono, afinal, se ontem foi Verão,
amanhã será Inverno: movimentos naturais que acompanho com serenidade, afinal, o
que importa, se estou onde estou é, definitivamente, onde devo estar. A
paisagem ao meu redor pintarei com as cores que meus olhos escolherem, amigos
que são, do meu coração.
Tá, daí, ao passar esses devaneios para o Word, no computador de casa, percebo que, mesmo que eu escolha as cores do Outono, laranja, dourado, vermelho, vou ver tudo no mais profundo azul: outra pane do monitor. Mas insisto, não é tão ruim assim, é o primeiro dia de Outono, afinal, está tudo, muito, prometo, está tudo muito bem. É o que ando dizendo, distraída que sou!
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