segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

PRIMEIRO DIA DE OUTONO

O dia, menor, friorento, me faz lembrar blusas quentinhas guardadas em enxaguantes cheirosos contra mofo. Acabou o Verão. Huumm, bom demais, mais uma estação se vai. Virá outra(o), rememoro um complexo de Poliana. Tá tudo tão bem, penso enquanto subo e desço a calçada perto da Faculdade. Tá tudo bem... mesmo? Ah, claro tudo pode ficar bem, por que não? Ah, credo, mas tudo pode dar tão errado também; ah, pode sim. Poder, pode, mas tenho essa mania de me esconder a portas fechadas esperando o coração se acalmar depois de paulada. Fico quietinha, você pode saber disso, não me importo, sou assim, não consigo matar moscas... nem elefantes. Fico quietinha quando qualquer ato adiante, ou palavra errante, pode piorar o que já está ruim. Tem hora que dá vontade de fugir. Para onde? Essa é a questão: meu coração despedaçado vai, junto, pra qualquer lugar que eu vá. Daí o quarto escuro ajuda a evitar que atitudes infantis coloquem fogo na lenha.

Nada que um almoço, primeiro depois de abismo, não alimente forças sobrenaturais: amizade, carinho, belezas; comida, pavê de abacaxi. Então, tá tudo bem, digo prum coração verdadeiro que qualquer tempestade, ou má intenção, não vá quebrar, mas que, fortalecido pelos dias de bonança vai seguir o riso que nasce entre aconchego de cobertores, ou de abraços.

Tá tudo bem, repito pra me convencer, e ergo o rosto para o tímido sol da primeira manhã de Outono, afinal, se ontem foi Verão, amanhã será Inverno: movimentos naturais que acompanho com serenidade, afinal, o que importa, se estou onde estou é, definitivamente, onde devo estar. A paisagem ao meu redor pintarei com as cores que meus olhos escolherem, amigos que são, do meu coração.

Tá, daí, ao passar esses devaneios para o Word, no computador de casa, percebo que, mesmo que eu escolha as cores do Outono, laranja, dourado, vermelho, vou ver tudo no mais profundo azul: outra pane do monitor. Mas insisto, não é tão ruim assim, é o primeiro dia de Outono, afinal, está tudo, muito, prometo, está tudo muito bem. É o que ando dizendo, distraída que sou! 

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