quinta-feira, 22 de junho de 2023

 

INVERNO, DE NOVO

Começou ontem, oficialmente, a estação de inverno desse ano. Não que já não houvesse dias frios antes, mas pra seguir o calendário racional ficou marcado ontem como o começo de inverno. Não que me preocupo com isso, calendários e invernos, mas noto que minhas costelas resmungam mais nesses dias. E hoje cedinho, ali pelas 5 e poucos da manhã, o celular avisou que a temperatura era 11 graus. Isso, para minhas costelas, é um assombro. E todas as vezes que vejo números como esses me dá uma saudade danada da beira do mar quase sinto o calor esvoaçando minha pele. Digo que não gosto de frio como digo de muitas outras coisas, latidos intermináveis de cachorros por exemplo. Ficam lá os pobres cães latindo pras sombras presos atrás de grades sem nem entender porque latem já que de ladrões a gente não ouve muito falar por aqui. E se os cães estão presos quem dirá os ladrões pelas ruas em condições de miseráveis friorentos. Pobres ladrões, pobres cães, tão presos nesses limites ininteligíveis da vida dita moderna. Os cães deveriam estar soltos por colinas infinitas e os ladrões, não, os ladrões não deveriam estar soltos em colinas apesar de que há deles que estão soltos em iates e até submarinos. Deveriam estar lendo. Acho que ler ajuda muita gente a melhorar de vida, isso, se souberem o que ler, claro o que nos leva a outras colinas verdejantes. Não que eu possa resolver nada disso nem os latidos dos cães presos nem a miséria dos ladrões soltos ou presos ou do inverno que marcou a chegada depois que já tinha vindo.  É por causa desses dias de inverno que digo que não gosto de inverno, mas no fundo, há poucas coisas de que me dou o trabalho de não gostar. Em qualquer manhã dessas vou descobrir que gosto do inverno até porque é nessa estação que minhas plantinhas descansam do seu eterno labor de nascer. Aproveito pra trocar terra, fazer podas tímidas, medo de machucar, trocar vasos quebrados. Posso até gostar do inverno qualquer dia desses principal e essencialmente porque depois dele vem a primavera. Dessa digo que gosto; ainda mais quando posso caminhar por colinas verdejantes sem casacos e meias.

Brasília, DF, 22 de junho de 2023.