quarta-feira, 19 de abril de 2023

 SOB O SOL DE OUTONO

Juntei plantinhas no canto da mesa da copa pra pegarem raios de sol da manhã. Manhã de outono; chegou trazendo notícias do inverno, ventos discretos, e carregando as últimas chuvas de verão, fortes e instantâneas, na bagagem. As quatro estações se manifestam nessa manhã de sol claudicante e fresco. Há ventos de inverno fustigando os pês de beijo do balcão do meu quarto. Há nuvens muito azuis e nuvens cinzas. Há flores, uma rosa amarela insistiu em vencer as pragas e acabei que a cobri com um pano, pena que daí não posso apreciá-la de fato. E há luz. Essa irrompe pelas vidraças do jeito que eu quis desde antes e circulo satisfeita pela casa checando a água dos vasos. Sempre há plantas se renovando, como a avenca que se desfolhou totalmente fazendo jus ao outono, mas os brotos agora irrompem em todas as direções, uma lindeza. A hera sofreu muito com o calor do verão já que estava de cara pra porta de vidro do lado poente; começou a secar as folhas. Pesquisei, talvez água demais, talvez o sol do meio dia, gosta de espaço. A pendurei com uma corrente dourada num dos esteios da escada e ela está lá se balançando sob as migalhas do sol vindo do jardim de inverno. Podei o galho ressecado e as folhas rajadas de branco e verde dançam livres pelos vãos brancos e quietos.

Agora, as orquídeas, bem, de orquídeas falarei em outro momento: o delicioso sol de outono convida para uma caminhada ao ar livre.

Brasília, DF, 19 de abril de 2023.