MANHÃS DE SEGUNDA-FEIRA
É inevitável a alegria encher meu peito quando o pequeno
carro pega a saída Norte da cidade nessas manhãs milagrosas. Depois de passar a
ponte do Torto, o primeiro viaduto, e imbicar pelas colinas seguintes, a visão
se amplia a ponto de juntar o verde vibrante, permissão do outono ainda com
chuvas, ao azul do céu radiante de luz. Aqui e ali, respingos de nuvem de
flocos; enfeites ao que já é lindo.
Nessas manhãs de muito sol a coisa é ainda mais séria: dá
vontade de chorar ver tudo iluminado em muitos matizes como cristais
esculpidos. Vejo o movimento do mundo nas serpentes metálicas de carros
tentando avançar pelo trânsito. Tenho pena, mas estou no contra-fluxo e posso
me entregar à paisagem. A sensação é de que fiz o dever de casa da melhor forma
que pude; e agora posso ir para o recreio.
É uma segunda-feira, um dos dias que faço essa pequena
viagem e subo e desço colinas e fico mais feliz ainda. É que dá um gosto danado
de bom ver que o caminho para trás estará sempre à disposição para minha volta,
mas também sentir a liberdade de acelerar adiante e alcançar outros infinitos.
Boas demais essas manhãs ensolaradas de segunda-feira que
subo e desço colinas... Bom demais!
Em 10/04/2017
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