segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 O QUE (DES)APRENDI COM A IDADE

Quase todos os dias recebo um texto de alguém se dizendo velho e o que aprendeu com a idade. Alguns são bem originais, alguns têm até assinaturas de celebridades, outros são apenas repetição. De todas essas lições, algumas sei, são verdades, outras, pura invenção.

Tanto estardalhaço porque se é velho... O que mais se repete é: aprendi a me amar. Uai, gosto mais de mim hoje não porque sou velha. Gosto mais porque cansei de me trocar para ser o que os outros queriam, mas se tivesse sido mais esperta, teria aprendido isso mesmo quando moça. Essa coisa de aprender hoje porque estou velha não funciona pra mim, ao contrario, descubro, todo dia, algo que devo desaprender.

Desaprendi a amar incondicionalmente, hoje quero um pouco de amor para mim. Desaprendi a rir a bandeiras despregadas, o que me custou um noivado quando jovem. Desaprendi a ver a aparência: há cobras de todos os formatos escondidas sob máscaras maravilhosas. Desaprendi tudo que sabia de Geografia, o mundo tem mudado mais rápido do que consigo acompanhar!

Desaprendi coisas que meus pais e avós me ensinaram, como acender o fogo com lenha molhada, porque isso não é mais útil no tempo de agora. Sobretudo, desaprendi a falar. Meus sentimentos mais dolorosos não podem ser expressos em palavras conhecidas. Minhas maiores alegrias pareceriam frescura, ou loucura, de mulher velha, então as guardo bem protegidas. E desaprendi de barulhos, ao contrário, me permito agora o silêncio. Isso, aprendi.

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