O QUE (DES)APRENDI COM A IDADE
Quase todos os dias
recebo um texto de alguém se dizendo velho e o que aprendeu com a idade. Alguns
são bem originais, alguns têm até assinaturas de celebridades, outros são apenas
repetição. De todas essas lições, algumas sei, são verdades, outras, pura
invenção.
Tanto estardalhaço
porque se é velho... O que mais se repete é: aprendi a me amar. Uai, gosto mais
de mim hoje não porque sou velha. Gosto mais porque cansei de me trocar para
ser o que os outros queriam, mas se tivesse sido mais esperta, teria aprendido
isso mesmo quando moça. Essa coisa de aprender hoje porque estou velha não
funciona pra mim, ao contrario, descubro, todo dia, algo que devo desaprender.
Desaprendi a amar
incondicionalmente, hoje quero um pouco de amor para mim. Desaprendi a rir a
bandeiras despregadas, o que me custou um noivado quando jovem. Desaprendi a
ver a aparência: há cobras de todos os formatos escondidas sob máscaras maravilhosas.
Desaprendi tudo que sabia de Geografia, o mundo tem mudado mais rápido do que
consigo acompanhar!
Desaprendi coisas que
meus pais e avós me ensinaram, como acender o fogo com lenha molhada, porque
isso não é mais útil no tempo de agora. Sobretudo, desaprendi a falar. Meus
sentimentos mais dolorosos não podem ser expressos em palavras conhecidas.
Minhas maiores alegrias pareceriam frescura, ou loucura, de mulher velha, então
as guardo bem protegidas. E desaprendi de barulhos, ao contrário, me permito
agora o silêncio. Isso, aprendi.
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