segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 SOMENTE EM TARDES DE VERÃO

Amanheci tarde hoje, fui dormir tarde, ou cedo se digo que era 01:47 da madrugada  quando desliguei o computador e fui tomar banho. E dormi. E sonhei. Daqueles sonhos bagunçados sem pê nem cabeça. A sensação que fiquei no coração foi saudade. Nem me perguntei do que, sonho assim bagunçado.

Acordei tarde, ainda de camisola corri acudir o cachorro aproveitei pra acudir umas plantinhas meio perrengues, tirei parte do lixo. Uma pessoa só e tanto lixo e olha que reciclo, faço compostagem, mas mesmo assim tem lixo, fico contrariada que ainda não posso aproveitar cada resto. Tomei café e remédios, voltei ao meu quarto pra me arrumar pro dia.

Mesmo assim o dia estava tímido tanto que desci deixando tudo fechado, depois de tomar outro banho, esse mais caprichado. Vesti um vestido comportado, com flores, forro e mangas compridas que a chuva parecia ter vindo pra ficar. Liguei minha playlist no máximo da caixinha de som e desci preparada para completar as tarefas já quase meidia.

Ia cozinhar que tinha visitas, uma confirmada, outra desejada. A chuva despencou aconchegante, botei o cachorro pra dentro que ficou me cercando pelos caminhos da cozinha aproveitei pra limpar a geladeira enquanto ia fazendo a lista de compras prum futuro distante que tem comida em penca pela casa.

Almoço pronto, a visita confirmada marcou presença, fiquei observando o rosto lindo muito sério na outra ponta da mesa. Sob os acordes de Julio Iglesias, Tim Maia, Frank Sinatra, Barbara e tantos outros, comemos, conversamos, rimos e ela se foi de novo mascarada enquanto a outra visita despencava mensagens no WhatsApp que tinha ficado presa no trânsito da vida, não viria, falei que não precisava pedir desculpas que o almoço fica pronto pra amanhã, tudo bem nem tinha prometido mesmo coisa de mãe doida.

Cozinhar dá nisso de pias cheias de talheres, pratos, panelas etc. que levei quase uma hora para guardar comida, lavar... Só depois que subi de volta me lembrei das janelas fechadas. Parti abrir tudo que a chuva já tinha desaparecido talvez em viagem pro Saara que o céu espetacularmente iluminado fazendo jus ao verão se exibia entre nuvens de algodão e o vestido já parecia um pouquinho quente demais.

Mesmo assim, estiquei as pernas sobre travesseiro macio em frente ao computador e me dispus a descansar, finalmente. Foi aí que a playlist selecionou a Voa Liberdade do Jessé. Depois de ouvir pela segunda vez foi que descobri que eu não estava cantando a letra da música mas a letra de uma oração.

Isso assim por ser, talvez, belíssima tarde de verão?

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