SOMENTE EM TARDES DE VERÃO
Amanheci
tarde hoje, fui dormir tarde, ou cedo se digo que era 01:47 da madrugada quando desliguei o computador e fui tomar
banho. E dormi. E sonhei. Daqueles sonhos bagunçados sem pê nem cabeça. A
sensação que fiquei no coração foi saudade. Nem me perguntei do que, sonho
assim bagunçado.
Acordei
tarde, ainda de camisola corri acudir o cachorro aproveitei pra acudir umas
plantinhas meio perrengues, tirei parte do lixo. Uma pessoa só e tanto lixo e
olha que reciclo, faço compostagem, mas mesmo assim tem lixo, fico contrariada
que ainda não posso aproveitar cada resto. Tomei café e remédios, voltei ao meu
quarto pra me arrumar pro dia.
Mesmo
assim o dia estava tímido tanto que desci deixando tudo fechado, depois de
tomar outro banho, esse mais caprichado. Vesti um vestido comportado, com
flores, forro e mangas compridas que a chuva parecia ter vindo pra ficar.
Liguei minha playlist no máximo da caixinha de som e desci preparada para
completar as tarefas já quase meidia.
Ia
cozinhar que tinha visitas, uma confirmada, outra desejada. A chuva despencou aconchegante,
botei o cachorro pra dentro que ficou me cercando pelos caminhos da cozinha
aproveitei pra limpar a geladeira enquanto ia fazendo a lista de compras prum
futuro distante que tem comida em penca pela casa.
Almoço
pronto, a visita confirmada marcou presença, fiquei observando o rosto lindo muito
sério na outra ponta da mesa. Sob os acordes de Julio Iglesias, Tim Maia, Frank
Sinatra, Barbara e tantos outros, comemos, conversamos, rimos e ela se foi de
novo mascarada enquanto a outra visita despencava mensagens no WhatsApp que
tinha ficado presa no trânsito da vida, não viria, falei que não precisava
pedir desculpas que o almoço fica pronto pra amanhã, tudo bem nem tinha
prometido mesmo coisa de mãe doida.
Cozinhar
dá nisso de pias cheias de talheres, pratos, panelas etc. que levei quase uma
hora para guardar comida, lavar... Só depois que subi de volta me lembrei das
janelas fechadas. Parti abrir tudo que a chuva já tinha desaparecido talvez em
viagem pro Saara que o céu espetacularmente iluminado fazendo jus ao verão se
exibia entre nuvens de algodão e o vestido já parecia um pouquinho quente demais.
Mesmo
assim, estiquei as pernas sobre travesseiro macio em frente ao computador e me
dispus a descansar, finalmente. Foi aí que a playlist selecionou a Voa Liberdade do Jessé. Depois de ouvir pela
segunda vez foi que descobri que eu não estava cantando a letra da música mas a
letra de uma oração.
Isso
assim por ser, talvez, belíssima tarde de verão?
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