SEDUÇÃO
Flores de um tipo que nunca vi: pétalas como folhas,
redondas, verdes, se espalhando entre as hastes novas: nasceram às pencas num
vaso delicadamente pintado a mão. Muitas hastes, as pétalas/folhas se
sobrepondo. Chamei você para mostrar que falava com alguém não respondeu.
Toquei as pétalas e, quão rápido
se transformaram em triângulos rosáceos apontando pro céu! Tocaram a companhia,
entregaram as chaves; disse que ia passá-las pra você. Caminhei sobre o piso
acinzentado e toquei seu braço. Você se virou sem me ver, balancei as chaves.
Quando estendeu a sua, minha mão lhe tocou a palma; apenas por um segundo.
Sem identificar muito bem o que senti, fui me sentar numa
poltrona de veludo verde sob a luz do teto de vidro. “Flores estranhas!”. As pessoas
continuaram conversando. Não vi quando você veio. Tocou levemente uma ponta de
meus cabelos, sentou-se no braço da poltrona. Eu podia sentir o calor passando
pela camisa branca, o cheiro; podia ouvir o coração. O seu. E o meu.
“Flores estranhas...”
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