segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

 FIM

Taí uma coisa com a qual não sei lidar: fim. Ah, passo a mão na minha cabeça: e o que tem de errado nisso? Bem, se está errado não querer finalizar nada acho que é quando isso começa a atrapalhar os inícios. E tem coisa melhor do que, finalmente, depois de muita fuga, indecisões em penca, você começar alguma coisa? Começar uma viagem, a pintura da casa, um curso, um emprego novo, um namoro...

Num dia desses passados, uma amiga me perguntou por que eu não escrevia um livro. Entre tantas desculpas esfarrapadas descobri uma que fazia sentido: não sei escrever os finais. Acredita não? Deve ser cinquenta o número de cadernos que tenho com histórias iniciadas. Vou anotando as ideias pro começo, mas tudo fica branco quando chego perto do final: paraliso qualquer risco de criatividade.

Daí, resolvi começar pelos finais, coisa tão propícia nesses tempos inimaginados. Ficou na mesma: tá lá o final lindo, choroso, enternecedor... sem começo. Seria uma bela ideia juntar esse fim a algum dos muitos começos que tenho, mas ainda não colou.

Então minha amiga perguntou: “porque você acha que não consegue escrever finais?” Eu, profundamente: “tenho medo de morrer depois disso”. Explico: já plantei árvores e tive filhos, o que falta? Escrever o tal livro com um fim. E FIM!!

Ah, gente, desculpa, é que estou gostando tanto de viver esses tempos nunca antes imaginados que quero ficar por aqui, ou por ali, o máximo que puder. Quero virar semente...

Brasília/DF, 27/04/2017

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