FIM
Taí uma coisa com a qual não sei lidar: fim. Ah, passo a mão
na minha cabeça: e o que tem de errado nisso? Bem, se está errado não querer
finalizar nada acho que é quando isso começa a atrapalhar os inícios. E tem
coisa melhor do que, finalmente, depois de muita fuga, indecisões em penca,
você começar alguma coisa? Começar uma viagem, a pintura da casa, um curso, um
emprego novo, um namoro...
Num dia desses passados, uma amiga me perguntou por que eu
não escrevia um livro. Entre tantas desculpas esfarrapadas descobri uma que
fazia sentido: não sei escrever os finais. Acredita não? Deve ser cinquenta o
número de cadernos que tenho com histórias iniciadas. Vou anotando as ideias
pro começo, mas tudo fica branco quando chego perto do final: paraliso qualquer
risco de criatividade.
Daí, resolvi começar pelos finais, coisa tão propícia nesses
tempos inimaginados. Ficou na mesma: tá lá o final lindo, choroso,
enternecedor... sem começo. Seria uma bela ideia juntar esse fim a algum dos
muitos começos que tenho, mas ainda não colou.
Então minha amiga perguntou: “porque você acha que não
consegue escrever finais?” Eu, profundamente: “tenho medo de morrer depois
disso”. Explico: já plantei árvores e tive filhos, o que falta? Escrever o tal
livro com um fim. E FIM!!
Ah, gente, desculpa, é que estou gostando tanto de viver
esses tempos nunca antes imaginados que quero ficar por aqui, ou por ali, o
máximo que puder. Quero virar semente...
Brasília/DF, 27/04/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário