segunda-feira, 23 de junho de 2008

VÁRZEA BONITA DAS FLORES - Poesia

Tanta gente já cantou a natureza,
tanto já se ouviu dizer,
do campo, de sua beleza,
de serras e planícies
de pôr-do-sol e amanhecer.

Não quero aqui repetir,
muito menos desmentir,
do já cantado e falado,
de rincões muito distantes.

Mas também quero contar
de um mundo afastado
de um lugar bem arrumado
desse, serei a primeira a falar.

São muitas horas de viagem
que não cansa ou desanima.
Mas se chega e é, enfim,
hora de cantar tudo em rima.

Lá tem uma serra muito alta
que esconde o sol e a lua.
Tem ribeirão de água fria,
terra verde e terra nua.

Tem flores azuis, vermelhas, brancas,
de grumixamas, hibiscos, jasmins.
Tem rosas pequenas e grandes,
tem paineiras, pau-ferro, oitis.
Todos plantados por mim.

Tem um caminho ladeado
de ipês e flamboyants
Tem cerca viva de boungainvilles
e aqui e ali sempre-vivas.

Nesse meu canto perfeito,
tem pomar bem variado:
romã, goiaba, ingazeiro,
acerola, mamão, umbu,
manga, ata, caju.

Tem uma casa velha
E uma nova também.
Velho curral quase no chão.
é novo o chiqueiro
assim como o paiol e o galinheiro.

Tem sombra de montão:
de jatobás, de baruzeiros
em bosque de puro frescor
tomando todo o terreiro.

A casa nova tem varanda
donde um lado vejo a serra
doutro vejo muito longe
além do verde, azul distante.

Lá é tudo muito calado
quando não tem gente de fora.
É bom quando vêm visitas
bom também quando vão ‘bora.

O barulho é de grilo e sapo,
e do murmúrio do ribeirão.
Tanto escuto gado mugindo
quanto aviso de gavião.

Ouço o canto da perdiz
Vigiando o próprio ninho.
E tem coruja piando
quando é tirada do caminho.

Esse lugar, um paraíso,
de paz muito procurada.
É pura alegria chegar
na partida, nem pensar!

Não tenho muita alegria
longe de lá, na cidade.
Com o indo e vindo de gente,
pobreza, violência, maldade.

Mas quando eu rumo p’rá lá,
ainda longe muitas léguas,
já bate no peito quente
o coração, sem tréguas.

É do alto do espigão
que vejo que já cheguei.
É quando o Rubi me recebe, latindo
que vejo minha vida de rei.

Magda R M de Castro
02 de maio de 2006

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