segunda-feira, 23 de junho de 2008

O XEQUE MATE DA TERRA

A era em que vivemos é uma era ímpar: os povos, de muitos tipos, se encontraram. Seja no mosteiro num dos cumes do Tibet, na aldeia do centro da África, no iglu da Groelândia, no submarino do fundo do mar ou no satélite do espaço, há tecnologias que fazem com que as informações circulem pelo Planeta, como os ventos, em todas as direções.
Isso permite ao homem participar de mundos diferentes a um só tempo e se aproximar uns dos outros como nunca aconteceu na história. Não é uma proximidade pacífica, lamentável, mas pode-se acompanhar o desenrolar de cada partícula de vida, ou de morte, em qualquer lugar, a qualquer momento.
Estarmos mais juntos é fato, logo, as ações de cada povo têm efeitos também em outros povos, sejam de lados iguais da montanha sejam separados pelos oceanos. Dá a impressão de que a Terra ficou menor. E talvez não seja, afinal, só impressão, já que o total de habitantes chegou a um número nunca antes imaginado e juntou os vazios entre as distâncias.
Isso mostra que o que quer que aconteça a uma pessoa acontecerá, pelo menos, a mais uma, então, há perguntas latentes, como: do que as pessoas se alimentarão no amanhã? E hoje, do que nos alimentamos? Do Planeta, claro, porque comemos vida: águas, árvores, animais. E quanto mais gente mais comida é necessária. Somado a isso tem-se, também, que nem todos estão preocupados que a comida um dia acaba; a grande maioria não quer nem saber do assunto. Se a Terra fosse uma laranja, qual é o tamanho do pedaço já comido? E quanto tempo se levará para consumir o resto?
Sabendo ou não as respostas, continuamos comendo, vorazmente, e usando meios rápidos, poderosos, mais e mais eficazes para transformar a água em grãos, a árvore em casa, o solo em aço e assim, assegurar a continuidade da raça. É assim que se faz isso?
Pois não é não. Para a manutenção da vida, a Terra deveria ser também, como qualquer espécie, alimentada, descansar uma ou duas vezes por semana e tirar férias. Deveria, mas a premência das necessidades humanas, todas portadoras de egos vitaminados, não dá ao Planeta o repouso que precisa para continuar assim: vivo.
Então, apesar de mais juntos, o que até certo ponto é avanço, continuamos separados em nossos objetivos. O interesse particular continua a produzir coisas que compramos hoje e jogamos fora amanhã de volta ao Planeta vivo. É com nossos restos que alimentamos a vida que precisamos. E esse é um alimento que também a Terra dispensa.
Numa representação, pode-se comparar essa questão ao Xadrez. Cada jogada exige uma resposta do adversário. Outra jogada e eis outra resposta. Os recursos vão se consumindo, as proteções vão sendo derrubadas, e jogadas de lado, e o tabuleiro se esvazia até quando só restam duas peças. A vitória caberá a quem jogar melhor: com atenção, refletindo, avaliando as reações depois das ações. Será que estamos jogando bem?
Pelo atual estado do Planeta, acho que não. Nesse caso, quem vencerá? A Terra, claro!! Infelizmente, a resposta está errada. Nesse jogo, o da existência humana, o homem está de ambos os lados. Isso: joga contra ele mesmo, pois a Terra é seu mundo e dela de tudo depende. É, portanto, vital que jogue bem, que cada lance seja bem calculado. Porque se couber ao Planeta Terra dar o xeque-mate, todos os povos saberão a resposta, ao mesmo tempo, de muitas das perguntas anteriores. Pelo menos, enquanto estiver sendo derrubada a “última torre”, ou seja, por um átimo de segundos, enquanto estiver acontecendo outro "Big Bang".

Magda R M de Castro
Brasília, março de 2008.

5 comentários:

Anônimo disse...

Adorei! Valeu realmente à pena ler este teu texto! Beijos
Magali

Anônimo disse...

Muito boa a sua leitura deste nosso tempo.
É preciso pensar em todos estas questões de uma maneira mais consciente assim como você descreveu.

Parabéns!

Iron
Unaí - MG

Anônimo disse...

Enfim, acho que esse é o enigma do século XXI!

Parabéns pelo texto tia Magda! Muito bom!

Beijos,
Cecília Arruda Miranda

Anônimo disse...

Mãe amada,
Ao ler seu texto, parei pra refletir sobre nossa missão nesse planeta. É inevitável questionar a verdadeira vocação da humanidade. Será que é consumir até que não sobre nem nossas esperanças?
Prefiro acreditar que vivemos um tempo de renovação. De culturas, hábitos e da própria alma, que resulte em uma plena integração entre as diversas formas de vida que habitam esse pedaço do universo.
Ver o futuro como quem vê o mar pela primeira vez. Com olhos majerados de sonhos e admiração.
O clichê se encaixa no contexto. Vou acreditar e fazer minha parte... e se conseguir mudar uma pessoa à minha volta, já terá valido à pena.
Vamos plantar árvores, semear amor e colher a paz.
Te amo sempre!

Anônimo disse...

Muito interessante Magda. Não entendo nada de xadrez, mas, com relação ao assunto, não resta a menor dúvida que pedras muito importantes estão sendo "comidas" e não temos (nós os seres humanos) muito tempo para reverter o processo. O homem é o único animal (a única espécie) que não faz falta ao Planeta Terra, pois, se for extinto, a vida continuará normalmente e não haverá impacto ambiental. Será por isto que ele o está destruindo? Será que para o ser humano, por ser racional, tem que destruir para se auto-afirmar entre as demais espécies? Parabéns. Grande abraço.