segunda-feira, 23 de junho de 2008

REMANSO - Poesia

Destino, sorte, sina?
O que me trouxe aqui...
Castigo, presente?
Chegar ao teu redor...
Sentir o cheiro de tua paz.
Bálsamo para minhas torturas?
Perdão para minhas loucuras...

Esse suave deslizar
Essa quietude em passo,
Sem susto
Esse silêncio de dores
Esse aconchego de lar

Águas sem cachoeiras
de suave deslizar
Ritmo de chuvisco de manhã
Sem tempestade, nem trovões
Ventos não mais que brisas

Teu abraço tem perfume de flores silvestres
Teu olhar tem o som do infinito
Tua estrada tem a cor da paz
Tua voz pode ouvir o coração..

Chegar foi milagre
Alívio de sede da jornada
tanta bagagem trago
Tanto passado, tanto!

A solidão em tempestade
A fúria dos abismos
As paixões em disparada
Os erros marcados a ferro,
As desilusões escancaradas.

Pesada bagagem
Dela não há como livrar
Pois me faz o que sou.
Meio gente, meio bicho,
que da alma falta um pedaço.
Que se gastou por aí.
Diferente não teria
como chegar aqui.

Remanso. Descanso. Pausa
Abraço, doçura, ternura,
É tranqüila tua caminhada.
Penso: o que vim fazer aqui
se de mim precisa nada?

Vim descansar em teu remanso
Vim me alimentar de teu abraço
Vim deixar parte de mim – outra,
para embalsamar o cansaço.

Curo ferida, ganho outra,
Porque queria ficar,
Não posso, não é justo contigo,
Não posso.
Tuas margens não cabem o que sou
Teu coração não sabe o que sou.

Vim, mas parto.
me aparto, me espanto.
Retomo o caminho seguida
pela bagagem de monstros
voltando comigo às tempestades
de volta à arena do mundo.

Me despeço de tua paz,
me afasto do teu remanso,
Recolho malas e males
Eles não cabem em ti
teu curso puro, calmo e sereno
segue diferente caminho daqui.

Poderia, queria, amaria ficar
mas não tem lugar para mim,
tão sereno teu riacho...
vou procurar o mar...

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Magda R M de Castro
24.02.08

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