segunda-feira, 23 de junho de 2008

ABAETÉ - Poesia

Era uma vez, uma cidade pequenina,
de ruas de pedras polidas,
de casas antigas,
adormecida entre colinas.

Árvores centenárias, jardins coloridos,
cheirando a recente regado.
Muros brancos que escondem prantos,
janelas entreabertas, com recato.

Pracinhas bem cuidadas de bancos
de concreto e propagandas.
sozinhas à luz do dia,
cheias de riso na noite em penumbra.

Pelas ruas largas, aqui ou acolá,
um telhado de beiral arrancado,
nunca arrumado: os donos são muito ocupados,
para cuidar de tão ínfimo estrago.

Casas e ruas. Muros e jardins.
Velam ou revelam: sonhos ou lendas,
de avós para netos, segredos
de culinária, namoros,
paixões de vidas e mortes.

Que não se iluda o passante
ou viajante,
com o silêncio ou o perfume das ruas,
cuida de não irromper por portas
e janelas, sem avisar,
pode o que jamais imaginou encontrar.

Abaeté,
Pequenina entre colinas,
conserva teu mistério e quietude, guarda meus sonhos de juventude.







Em teus braços me criei:
para ti quero voltar!
De novo ao teu sol me aquecer,
de novo o silêncio de manhãs pequenas,
outra vez tardes quentes de preguiça,
outra vez risos nas enxurradas de chuva.

O cheiro de capim,
o chiado do engenho,
o canto dos pássaros,
grilo, o sapo no brejo.
Oh! Saudade!

Abaeté, me chama!
Não me deixes morrer aqui.
Seria morrer duas vezes,
Morrer longe de ti!


<><><>

Magda Regina Miranda de Castro
Poesia escrita em março de 1998

Nenhum comentário: