BRASILIA-
MÃE (50 ANOS)
De
verde seiva era seu cheiro.
de
vermelho sangue, seu céu.
Em
terra rubra aberta sua alma
assim
como eu, e tantos, começava.
Vinha
de caminhos antigos,
de
outros amores, construída.
Assim
como cheguei, eu e outros tantos,
Em
ti para viver a vida.
Das
vermelhas, negras veias romperam
levando,
conduzindo, trazendo
de
braços, de corações, de coragem
seus
moldes, estátuas e viagens.
Do
ventre da terra seu grito se elevou
Sua
alma bradou
Seu
espectro se fez
Assim
como eu, e tantos outros,
o
grito da vida despertou.
De
nós duas, almas vencidas, vidas unidas.
Eis
nesse vale, o amparo.
Eis
nesse planalto, a paz,
a
alegria da chegada, de festa
E
dos dias, e noites, de construção,
à
deriva: tu e eu, e tantos ainda.
De
brados e ventos vieram
tantos
lamentos.
De
tantos recantos e paragens
chegaram
a ti, o pobre, o rico,
o
sábio, outros nem tanto,
Mas
de ti, todos tiveram,
em
igual medida, a esperança.
Capital
já nascia; capital assim seria
A
platina a chamar em seu alvo brilho
Em-canto
de sereia do Cerrado
do
mais remoto rincão, do afastado
trouxe
o riso, o sizo, o viço
que
em teu regaço aconchegou.
Tanta
vida, tantas, e também eu.
E
mesmo que a saudade de outros planos
tenha
um dia vindo bafejar teu esplendor
para
sempre aqui fiquei, como tantos...
e
jamais de ti parti, como muitos.
Tantas
vindas: porque em ti
em
teu regaço doce
em
teu frescor de nascentes assombreadas
me
deleito, e os demais,
filhos
adotivos ou naturais ou comensais.
De
tanta fartura, mel, doçura
A
mais fina semente germinada
a
mais fria alma desencantada
que
em ti renasce e floresce
porque
tua alma, na minha,
e
na de todos nós, jamais fenece.
Eis
então, que de sonho um dia hoje é verdade!
Eis
que tua esperança se torna viva
Eis
que em tua história sem par, o lugar,
Eis
que chegas em esplendor ao palco da maturidade.
Ainda
juntas, tu e eu, e junto a tantos que em ti renasceram.
Eis
que presenteia com beleza, gloriosa grandeza.
Nobre,
bela, doce, eterna.
Tu
és o paraíso para tantos.
E,
como outros, fomos duas jovens que juntas
Enfrentaram
os próprios destinos; e os venceram.
Escrevemos
nosso enredo, tu e eu, e tantos mais
e
agora, festejas, provas teu valor, teu apogeu
como
berço de nova era
És
tão forte, tanto que outros milhares tantos vão contar.
E
eu, como último apego que me cabe, e posso
quero
em teus campos suaves
descansar
eternamente
silenciosamente,
enfim.
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