terça-feira, 22 de outubro de 2024

 AO ROMPER DA MANHÃ

Percebi o silêncio quando o tic tac do relógio de parede ficou alto demais. Eu já tinha aberto janelas e prescrutado o céu tão azul inteiro de luz do sol. Caprichei na xicrona de café: o dia 'tava lindo sem conta. 

Os sons da rua estavam ainda sonolentos quando ouvi a geladeira ronronar... Ah, as pedrinhas do jardim de inverno anunciavam, o quê? chuvas mais tarde, boas novas chegando? Ah, canto de passarinhos, trinados vindos lá de fora. 

Vi que que mesmo que houvesse barulhos aqui e ali, tudo estava espetacularmente em silêncio.  Me aquietei, fechei suavemente os olhos. Por quê? Foi ai que senti as batidas do meu coração, tão fortes que podiam doer? O que está acontecendo? Respirei devagar seguindo as batidas. Por quê?  

Fiquei por alguns momentos segurando a xícara e apenas sentindo. Foi ai que descobri que havia chegado onde quis por muito tempo: o lugar em que posso ouvir silêncios é meu coração. 

Por Magda Castro

Brasília, DF, 22 de outubro de 2024.

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