SOB O SOL DE OUTONO
Juntei plantinhas no canto da mesa da copa pra pegarem
raios de sol da manhã. Manhã de outono; chegou trazendo notícias do inverno,
ventos discretos, e carregando as últimas chuvas de verão, fortes e instantâneas,
na bagagem. As quatro estações se manifestam nessa manhã de sol claudicante e
fresco. Há ventos de inverno fustigando os pês de beijo do balcão do meu
quarto. Há nuvens muito azuis e nuvens cinzas. Há flores, uma rosa amarela
insistiu em vencer as pragas e acabei que a cobri com um pano, pena que daí não
posso apreciá-la de fato. E há luz. Essa irrompe pelas vidraças do jeito que eu
quis desde antes e circulo satisfeita pela casa checando a água dos vasos. Sempre
há plantas se renovando, como a avenca que se desfolhou totalmente fazendo jus
ao outono, mas os brotos agora irrompem em todas as direções, uma lindeza. A hera
sofreu muito com o calor do verão já que estava de cara pra porta de vidro do
lado poente; começou a secar as folhas. Pesquisei, talvez água demais, talvez o
sol do meio dia, gosta de espaço. A pendurei com uma corrente dourada num dos esteios
da escada e ela está lá se balançando sob as migalhas do sol vindo do jardim de
inverno. Podei o galho ressecado e as folhas rajadas de branco e verde dançam
livres pelos vãos brancos e quietos.
Agora, as orquídeas, bem, de orquídeas falarei em
outro momento: o delicioso sol de outono convida para uma caminhada ao ar
livre.
Brasília, DF, 19 de abril de 2023.
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