PARA AMANDA
Filha, Flor, cheguei bem; embora não quisesse chegar: preferiria ficar com você curtindo esse canto de encanto onde você mora. Preferiria curtir você, minha caçula encantada. Usaria a desculpa que me apaixonei por São Paulo, ou que estaria ajudando a lavar roupa, ou cozinhar, ou descer com o Connan. Poderia usar tantas desculpas para ficar vendo você acordar todas essas manhãs indecisas; é que eu nunca sei o que fazer com minhas manhãs em São Paulo antes de você acordar. Você, acordando me diria faca isso ou aquilo mãezinha ou me levaria a um lugar bonito, à piscina do prédio, à feira do outro lado da rua, na conveniência lá embaixo. Você me diria o que queria comer; eu com meus dotes culinários limitados daria tratos à bola pra fazer algo gostoso. E mesmo que não fosse você diria delícia.
Todos os dias de manhã, ou de noite ou em tardes quentes, seriam lindos vendo você se enfiar nesse computador e falar com o mundo todo, ensinar alguém desafinado a cantar, e você riria. melhor, você geralmente gargalha quando fala de sua arte, quando dá dicas únicas ensinando músicas espetaculares. E quando você dá uma palhinha, um traço de música que você cantaria com sua voz divina, o dia estaria salvo, o meu mundo estaria salvo para sempre.
E eu ficaria ali com cara de boba, escondida com o coração feito galope, inchada de orgulho. E meu mundo poderia ser assim para sempre; nada mais a querer.
Para Amanda que amo sem medida;
Brasília, DF, 23 de outubro de 2025.

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