quarta-feira, 23 de julho de 2025

 DESCONCERTANDO

Hoje de manhã queria voltar pra cama depois de tomar café e remédios. É que o dia de ontem foi meio desconcertante. E a noite foi de sonhos também desconcertantes; longa sequência de desconcertos. 

Ocorreu que ontem, mesmo que tenha me preparado minuciosamente pra um exame, assim que saí de casa peguei ônibus do lado errado da rua. Fiz tour pelo bairro e arredondezas até chegar na estação do metrô; e fui abalroada pela porta. Roxos novos? Nada sério. E errei a estação de desembarque. Nada grave, peguei outro carro de volta. Desci num mundo desconhecido e quis muito ter bussola que me dissesse norte ou sul! O google maps não me indicou se estava indo pra lá ou pra cá. Liguei pra clinica, disseram que perguntasse aos vizinhos. Por fim, peguei Uber pra achar o lugar. Cheguei na hora e levei um chá de cadeira pelas próximas hora e meia. Isso já somava próximo de cinco horas, nada a reclamar, eu contava com isso. Mas não contava que o lugar sem janelas era labirinto de paredes brancas. Tá, posso administrar isso: caminhei onde pude, fui ao banheiro, bebi água, comi baru, me sentei de novo pacientemente. Quando a atendente me botou num armário pra tirar roupas e badulaques, desconfiei que estava ansiosa. Tive certeza quando o técnico me envolveu  a cabeça com grade de ferro, me botou surda e entregou uma coisinha pra chamar por ele caso precisasse. Perguntei quanto tempo duraria, oito minutos é eternidade, decidi. Desisti, o técnico me libertou, remarquei o exame, pedi ajuda a minha filha pra próxima tentativa. Frustração? Todas. Ainda argumentei com meus botões que tinha me esforçado por aquilo, gastado tempo e dinheiro e iria desistir? A grade continuava na cabeça e não saiu mesmo depois que bebi muita água fresca, lanchei, vesti pijama e adormeci. Talvez por isso sonhei com meu filho longe há tanto tempo.

Juntando tudo, hoje me levantei tarde, mas preparei o café como sempre, tomei remédios e iria pra cama de novo, mas precisei jogar a água da lavagem de loucas nas plantinhas que a seca não perdoa. Foi quando vi o buquê de flores do manacá da serra abertas no primeiro estágio: brancas. Elas ficariam lilases depois de uns banhos de sol. Tirei foto, mandei pra minha caçula longe. E fui tirando fotos das outras flores e mandando mensagens pro nosso grupo, pras amigas, pra colegas. Nessa lenga, lenga, o dia já vai longe transformando desconfortos e pesadelos em tarde sossegada. A grade na cabeça? Por ora, não preciso pensar nela.

Magda Castro

Brasília, DF, 23 de julho de 2025. 


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