terça-feira, 26 de julho de 2022

DA PERDA

Nossa razão sabe que acontecerá, em um dia, ou dois, ou muitos dias à frente de nossas vidas. Um objeto útil  que se perde irrita pelo trabalho que dá repor; e objetos, em geral, é possível substituir. O casaco preferido, o brinco que ficou um: perder coisas é comum, pequenas ou grandes, as chaves, o lenço, o celular. Perder o caminho da festa, o endereço onde há muito não se ia, perder a estação correta para plantar sementes de certa flor, perder a vista sobre montes mágicos, perder  o tempo de colher, perde-se de tudo todo tempo. 

É natural irmos deixando coisas pelo caminho, e o que ainda levamos em nossa bagagem vai nos fortalecendo para a viagem, na maioria das vezes, nos deixando mais leves para apreciarmos a jornada.

Se aprendemos que a perda pode significar a chance de conhecer outras paisagens, sentir amores mais plenos, a perda é essencial para a evolução de nossas almas. 

Da perda de pessoas amadas, entretanto, essa compõe cicatrizes indeléveis que nos entristecerá mais profundamente e para sempre. Mesmo que não choremos em prantos soluçantes, a perda de pessoas que fizeram parte de nossas vidas até o café da manhã de ontem não tem conforto verdadeiro. o que fazemos é seguir com o riso no rosto e o corte no peito. Essa perda fará parte do resto do caminho e o lamento mais profundo deve acontecer somente depois que o coração aceitar. a lágrima pura poderá lavar o machucado, mas não retirará a ferida do lugar.

Perder quem amamos é a mais cruel das naturalidades nesse universo: seremos, para sempre, menos felizes.


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