sábado, 27 de setembro de 2008

PRIMAVERA, EI-LA!

Não é que estivesse distraída porque me assustei quando ela amanheceu. Eu a esperava, mesmo que sua chegada sempre seja ausente: ela manda parte da bagagem, uma lembrança, pedaço de susto – ai, chegou?!! – Não, não ainda. É só um sinal: aquele ipê é temporão, aquela paineira é exagerada! Mas calma, ela vem, não é ela ainda, mas está chegando. Espere... Acho que é para fazer teatro, criar clima, fazer furdunço, ventania. Mostra a amostra do que pode vir a mostrar. Se mistura ao inverno e ao verão, tentando enganar, querendo fazer suspense. E suspensos a gente fica, secando, vigiando o céu e escutando o silêncio do descampado do cerrado. Será que esse ano ela chega antes da chuva? E as cigarras, anunciantes, ainda não começaram a cantar... mas que bagunça é essa de secura, cigarra e chuva. Você não está esperando a primavera? É porque quando ela vem traz tudo junto e mais: a luz de Brasília é sempre a espetacular claríssima luz de Brasília; a chuva que acompanha alivia tanto o ar quanto o coração com suas cantigas de cobertor; o vento que já passou os brabos de fim de inverno, esses agora acariciam as quinas; as folhas novas vestindo de novo as árvores cansadas; e ... as flores. Pode ser que exista, claro que existe, coisas tão lindas quanto as flores, mas, não em significados: nascer, renascer, recomeço, início, semente... Isso sim é coisa boa demais!! O novo, a hora de respirar diferente, pensar diferente. Pensar em felicidade possível, em sonho antigo bom de ser realidade. É essa confusão, agora perfumada, que sinto com a chegada da Primavera. Mesmo que ela sempre faça esse jogo de nunca chegar quando a gente quer que venha. Mas ela pode fazer jogo, ela pode. Mesmo porque a gente tem paciência em penca para agüentar: é que ela sempre vem, dia menos dia ela chega; e aí... a Primavera!! Ei-la!! Por Magda R M de Castro Brasília, 23 de setembro de 2008.

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