quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

DA DOR

Não costumo falar de dor, tantas todos temos acho perda de tempo como não conheço vocabulário pra falar apropriadamente dela. É que em tempos de, meu coração só consegue ficar em slow motion, respiro devagarinho, me aquieto num canto esperando passar. Quanto mais dói, mais muda fico. Desligo músicas, me envolve em meus braços, fecho olhos. Me coloco em modo semimorta ou em casos mais dolorosos ou choro em potes ou me calo dolosamente. Se me veem quieta, calada, o riso disfarçado, está doendo. Se me perguntar talvez eu confesse ou fale de outra coisa.

Entretanto, em eventos insuportáveis poderei soluçar e se achar, aceito um braço. Do tipo calado também, caridoso o bastante pra me ouvir repetir o mantra que me maltrata. Possivelmente isso acontecerá uma vez, duas no máximo, porque de outra vez que doer a mesma dor eu já terei me acostumado com ela e continuarei sendo eu quietinha num canto suportando até passar. Porque não conheço palavras para descrevê-las. E tal conhecimento dispenso.

Brasília, DF, 06 de fevereiro de 2025.

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