quinta-feira, 29 de abril de 2010

BRASÍLIA 50 ANOS

De verde seiva era seu cheiro
De vermelho sangue seu céu
Em terra rubra aberta sua alma
Assim como eu, e tantos, começava.

Vinha de caminhos antigos
De outros amores construída
Assim como cheguei, eu e outros tantos,
Em ti para viver a vida.

De veias vermelhas, negras romperam
Levando, conduzindo, trazendo
De braços, de corações, de coragem
Seus moldes estátuas e viagens.

Do ventre da terra seu grito se elevou
Sua alma bradou
Seu espectro se fez
Assim como eu, e tantos outros,
o grito da vida despertou
De nós duas, almas vencidas, vidas unidas.

Eis nesse vale o amparo
Eis nesse planalto a paz
A alegria da chegada festiva
E dos dias, e noites, de construção,
à deriva: tu e eu, e tantos ainda.

De brados e ventos vieram
Tantos lamentos
De tantos recantos e paragens
Chegou a ti o pobre, o rico,
O sábio, outros nem tanto,
Mas de ti, todos tiveram, em igual medida, a esperança.

Capital já nascia; capital assim seria
A platina a chamar em seu alvo brilho
Em-canto de sereia do cerrado
Do mais remoto rincão, do afastado
Trouxe o riso, o ciso, o viço
Que em teu regaço aconchegou
Tanta vida, tantas, e também eu.

E mesmo que a saudade de outros planos
Tenha um dia vindo bafejar seu esplendor
Para sempre aqui fiquei, como tantos...
E jamais de ti parti, como muitos
Tantas vindas: porque em ti
Em teu regaço doce
Em teu frescor de nascentes assombreadas
Me deleito, e os demais, filhos adotivos ou naturais
ou comensais
De tanta fartura, mel, doçura
A mais fina semente germinada
A mais fria alma desencantada
Que em ti renasce e floresce
Porque tua alma, na minha, e na de todos nós,
jamais fenece.

Eis, então, que de sonho um dia hoje é verdade,
Eis, que tua esperança se torna viva
Eis, que em sua história sem par,
O lugar,
Eis, que chega, em esplendor ao palco da maturidade.
Ainda juntas, tu e eu, e junto a tantos
Que em ti renasceram,
Eis, que presenteia com beleza.
E agora também com nobreza,
A sua gloriosa grandeza.

Nobre, bela, doce, eterna,
Tu és o paraíso para tantos,
E eu, como outros
Fomos duas jovens que juntas
Enfrentaram o próprio destino e o venceu.
Escrevemos nosso enredo, tu e eu, e tantos mais
E agora, festejas, prova teu valor , teu apogeu
Como berço de nova era.
É tão forte, tanto que outros milhares tantos desse vai contar
E eu, como último apego que me cabe
E posso,
Quero em seus campos suaves
Descansar em leito eterno...
... como tantos...

Por
Magda R M de Castro
Brasília, DF, 29 de abril de 2010.

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